01 agosto 2013
Estratégia
A definição de outra trajetória
recuperou o rumo,
abalado por embuste,
felonia
e instabilidade.
Bem de mim
que tinha na inocência,
na crença
e nos saberes,
minhas maiores qualidades.
Enfim,
tudo recuperado.
Pouco
modificado
sei,
mas
recuperado!
01 março 2012
Tempo
Definir é um desafio,
Interrogue-me e fujo desta quesito,
Não quero ver, inferir ou meditar...
É uma perene agonia!
Nem sempre as três dimensões que fundamentam sua existência contêm
sua experiência:
Passado, presente e futuro,
Por si só não o fazem concreto.
(- Se nenhuma das suas partes existe, como pode ele subsistir?)
(- Se nenhuma das suas partes existe, como pode ele subsistir?)
Quando penoso é lento,
Quando feliz, amável e prazeroso, rápido,
Quase fugaz, às vezes uma ilusão.
(- Como pode ser célere para uns e viscoso para todos?)
Só no plano divino,
Anterior a nossa criação,
Para entendimento.
(- Mas se há um planejamento superior, para que medi-lo então?)
Relativizá-lo será sempre uma tentação.
Alguns marcam com segundos, minutos, dias e primaveras.
Outros com ações:
Amores perdidos, trabalhos concluídos, filhos crescidos.
(Eu, constante emoção!)
A realidade dele só está no pensamento.
Na verdade,
Sua compreensão só é percebida no espaço e movimento,
Intervalo e animação,
Vida e viver.
Concluí-lo, jamais!
As marcas que nele imprimem,
Eternamente o farão dissemelhante.
O fato que é cíclico,
É uma sucessão de inverno, verão, férias e São João.
Um eterno reviver,
Mas sem necessariamente restituir.
Então,
Que flua,
Que se viva nele.
Que seja segundo,
Seja eterno,
Seja individual.
Seja próprio,
Exclusivo,
Irreversível.
O meu é só meu,
Cabe na minha caixinha mágica.
Na minha nave espacial.
(Transforma-me!)
Nele transfiguro,
Modifico,
Experimento.
Sou objeto e
Ação.
E graças a ele,
subsisto.
02 janeiro 2012
Medo
No encontro do inicio da minha vida,
rompantes de altivez
fizeram despertar daquele desvaneio.
Cores alegres, o disparate e a ausência do tino
foram levados para um lugar remoto,
tal que já estive e não intencionava revir
(subsistiria sem ele se me autorizassem!).
Do Éden sucedeu-me a mácula,
da harmonia, o suplício,
da extrema eudaimonia, a barafunda,
do arrebatamento, a ponderação.
E assim permaneci:
inerte,
débil,
recluso
e sucumbido de mim.
Quis trespassar,
abrir a porta trincada com ferrolho anti-candura,
pular da rota da abalroação,
respirar o oxigênio expelido,
rever o inesgotável.
Mas quem arrecada,
lembra reiteradamente o maldito,
como as gotas da tortura chinesa,
pingo a pingo,
diuturna e incessantemente,
do dia da fraternidade Universal
a última noite do ano
(sem acaso de recreio).
Que infame, vil, ultrapassado,
anárquico e melodramático sentimento.
Levou de mim o que tinha de melhor,
o que mais tinha de ufano,
claro
e afinado:
rigorosamente,
a ausência
e exiguidade dele.
01 dezembro 2011
Cama
01 novembro 2011
Gosto

Seu gosto ainda está em minha boca,
doce,
como as coisas boas que me falou.
Mel,
de beber com as estrelas
(atiçou um fogo bom,
mergulhado em prazer,
esquecido por vidas).
Foi saliva
derramada em minha alma.
De pouco não morri,
de tanta água derramada
em minha alma.
De pouco não morria,
do calor que me proporcionava.
Acho que morri!
Mas não ressuscitei,
porque é muito bom
morrer com sua boca
mergulhada em minha alma.
01 outubro 2011
Luzia
01 setembro 2011
Saques de prazer

Que túnel escuro segue quando entramos em saques da pureza?
Perdemos o pudor
(e o respeito),
roubamos o que há de melhor entre nós.
Não há mais palavras.
O egoísmo domina.
Perdemos um minuto inteligente,
aquele que poderíamos usar para amar,
e nos amar,
sermos diferentes,
criar luz,
criar, criar e criar...
E nos perdemos no escuro...
01 agosto 2011
Charada
01 julho 2011
Ambígua
Entra adulta...
Dura,
prática,
convicta,
independente
(não quer ver o pôr do sol!).
- Quero saber muito mais de você
(não a que os rótulos moldaram)!
Abre o peito,
sangra o coração,
brita a alma,
molha os olhos.
-Sua historia te trás de volta
(e ainda deu tempo de rir do último raio)!
...sai criança!
01 junho 2011
Linha de tempo
Nossa diferença está no tempo,
aquele que passou para mim,
aquele que te falta,
de você tiro um pouco,
de mim sai uma vida,
no final, são as mesmas transformadas...
18 maio 2011
Not(urn)o
De noite acordo assim:
bem son(s)o,
inson(ss)o,
ma(tina)l,
mu(da)do,
com sede(nto),
conflit(uos)o,
e um pouquinho
só(litàrio)!
05 abril 2011
In loco
Bola em jogo
rolou até a fonte
donde antes jorrava
água dos Sacramentos,
e agora,
encantos e
desencontros.
Os meninos viviam lá,
o fotógrafo das entidades também viveu
e minha escultura negra ainda vive.
O lugar uniu Vasco da Gama com América
e não os separou mais,
e as águas escorreram para formar o Dique,
onde vivem os Orixás.
No divertimento dos meninos
duas bolas contra, era o mesmo que a favor,
o que tinha valor era a diversão,
o riso frouxo,
a calça suja
e a ginga.
Ladeira abaixo
corriam com a redonda,
felizes,
fagueiros,
e tinham nela
o mundo
que o mundo
cansou de
ocultar para eles.
23 março 2011
Madrugada
Madrugada,
Senhora melancólica,
sem sons
(gemidos
ou sussurros).
Um vácuo
obliterado e
abafado
(de presenças
e ausência).
Um limbo,
de algo de desejo,
sem poder ter
(possuindo
ou possuído).
ou possuído).
Agonia insone,
úmida,
taquicárdica,
febril.
Luta que envolve
um tempo presente
que demora de chegar.
02 março 2011
Vida após a morte (Para Laura)
Que anjos
virão na minha oração
aportar no pedido contrario ao medo,
de uma noite sem insônia, sustos e pesadelos?
Serafins, querubins,
tronos, dominações, principados,
fadas e fadinhas,
disseram sim!
Correram o mundo,
e chegaram no segundo seguinte
da “ave Maria”, ”Pai nosso” e “mãezinha do céu”,
interrompendo o ciclo.
Aqui trouxeram o armistício,
consensual,
necessário e
final.
E saíram para acalmar
outra alma atribulada
confinante ou
perdida no outro lado da terra.
- Dorme agora minha paz,
esquece deste tempo
de malucos, insanos e
inseguros.
Dorme,
se entregue sem tréguas e
ininterruptamente.
Aqui estou eu!
Super homem,
rijo tudo,
único deste tempo,
que é só nosso.
Não te abandonarei,
nem eu,
nem seus anjos,
nem todos que apostam em ti.
19 fevereiro 2011
Réquiem
louca por café
(dissolúvel),
vestida com chambray e lycra,
L’air du Temps no ar
(algo meio Vogue).
Mostrava um olhar fatal,
avesso,
curto,
rima para o horizonte.
avesso,
curto,
rima para o horizonte.
Andou na minha direção,
tirou minhas calças,
boxer e
T-shirt.
boxer e
T-shirt.
Rasgou meu tronco,
beijou minha boca,
salivou meu olhos,
mordeu meus pés.
Deu-me vida!
salivou meu olhos,
mordeu meus pés.
Deu-me vida!
Verteu meu Jacu Bird,
expandindo o cheiro de vida.
expandindo o cheiro de vida.
Falou em Euskera,
Mandarim,
Karíb,
Arcaico
(nada tinha sentido,
só meu sentimento).
- Que mulher linda!
Pele sedosa,
cabelos fortes,
tez rubra,
tez rubra,
dedos mágicos.
Imperava o sussurro,
uma mistura de Tom e Philip Glass,
nada mais.
Nenhum ruído
ou chiado algoz,
ou chiado algoz,
nada mais!
Ela estava ali,
como o ar,
água,
alimento,
realidade.
Como os Sonhos de Kurosawa.
Aqui fiquei.
Aqui vivi.
Um segundo apenas.
Um segundo a mais.
Nele nasci
e nele fiz meu réquiem.
27 janeiro 2011
Mulheres
Minhoca
esburaca a rota
na terra.
Elefante
na pista da selva
forra-a.
Na cozinha
água gelada
refresca.
E paçoca
assada na panela
se dissipa.
E as mulheres,
o que querem elas?
são minhocas perdidas,
elefantes sem prumo,
águas esquentadas,
e paçocas sem donos.
13 dezembro 2010
Coração
Singelo,
meu belo,
o que tenho de mais puro,
bate agora muito apressado,
quase um espectro,
virado ao avesso.
Deixa-me tonto,
sem sangue nas veias,
um incomodo.
Quero te acalmar,
mas tu és surdo,
não ouve o que te imploro.
Para que? Não é?
Volta a balada
dos 60 segundos
de um minuto,
prescrito em um tempo de Itaparica,
Bariloche ou
de uma tarde no
Castelo de Neuschwanstein.
Não te quero assim,
dose de Hermes,
Deus da agilidade.
Quero Logo,
com a cara de meu tempo,
avatar atemporal,
menos irresponsável,menos machucado,
menos apaixonado,
muito mais amado!
01 novembro 2010
Mundos paralelos
Há quântica
em quantas vezes
mais e mais
perguntamos
se existe um
outro mundo,
personagens
e possibilidades
no plano terreno!
Acredite no tempo paralelo,
resultado da explosão
ocorrida
em um mundo menor
que a imaginação pode aceitar,
(atómos,
elétrons,
e fantasmas)
e que tomou a maior dimensão
que se pode crer.
Nele vivemos,
se muda comportamentos,
há mistura de histórias,
(eterno espiral
onde umas começam
e outras terminam).
Elas que não se unem no infinito,
nem tem missão imposta,
ou oposta.
Algumas são expostas,
para alguns verem,
outras ocultas,
para outros que não crêem.
Matemática real,
feita da estatística da vida,
segundos que se passam
um a um
(de sessenta
se faz uma hora),
de um futuro que foge da existência,
que não será misturado,
mas macerado.
Essa é a Jornada da criação,
de um Deus mágico,
iniciada em um cataclisma,
desvendado pelo tempo,
que não devia ser movido,
nem disperso,
nem aglomerado,
só deveria ser vivido.
10 outubro 2010
Ócio

tempo de ruminar,
de deixar o corpo escorrer,
sem uni-for-mi-da-de
e so-fri-dão.
De lim-par os arquivos,
desfragmentar o HD,
se meter na cama,
zapear e ficar de calção.
Ir na Alemanha,
Cuba,
Petrópolis,
Tajiquistão.
E quem sabe,
lá na esquina?
Comprar A Tarde,
deitar na rede,
tangerinar,
e virar ermitão.
Tempo ímpar,
calórico,
criativo,
de te-le-fo-ne quebrado,
fora de área,
offline,
sem conexão.
08 outubro 2010
Amor dói
Amor dói,
quebra paredes construídas e erguidas,
nos anos,
nas formas e nas estruturas.
Desentope pias,
vasos e
tubos.
Por isso, dói!
A presença divina que liberta
é a mesma que dilacera a alma,
destrava engrenagens,
espreme a casca dura,
gerando sucos
e resíduos.
Por isso, dói!
O que mitiga o mau,
angustia,
desafia conceitos,
descortina os medos,
desoprime o opressor,
revela o que não se podia revelar.
Por isso, dói!
Aquilo que me torna brando,
também afasta-me da zona de conforto,
eletriza a rede sem fio,
refaz o trabalho da criação,
bagunça a noção de tempo.
Faz uma ausência
ser insuportável.
Por isso, dói (e muito)!
Mas não quero alívio imediato desta dor
Mas não quero alívio imediato desta dor
(afaste-me das emergências superlotadas
de inconstantes e frios,
gente morta e doentes).
Quero o seu desconforto,
sua desopressão,
sua veemência,
seu poder de criação.
Quero ver sangue jorrando nas veias,
coração partido,
coração partido,
cair em queda livre
(sem amarras e paraquedas).
(sem amarras e paraquedas).
Por isso, sigo amando!