19 fevereiro 2011

Réquiem


Estava na beira da sorte
louca por café
(dissolúvel),
vestida com chambray e lycra,
L’air du Temps no ar
(algo meio Vogue).

Mostrava um olhar fatal,
avesso,
curto,
rima para o horizonte.


Andou na minha direção,
tirou minhas calças,
boxer e
T-shirt.


Rasgou meu tronco,
beijou minha boca,
salivou meu olhos,
mordeu meus pés.

Deu-me vida!

Verteu meu Jacu Bird,
expandindo o cheiro de vida.


Falou em Euskera,
Mandarim,
Karíb,
Arcaico
(nada tinha sentido,
só meu sentimento).


- Que mulher linda!
Pele sedosa,
cabelos fortes,
tez rubra,
dedos mágicos.


Imperava o sussurro,
uma mistura de Tom e Philip Glass,
nada mais.
Nenhum ruído
ou chiado algoz,
nada mais!


Ela estava ali,
como o ar,
água,
alimento,
realidade.
Como os Sonhos de Kurosawa.


Aqui fiquei.
Aqui vivi.
Um segundo apenas.
Um segundo a mais.
Nele nasci
e nele fiz meu réquiem.