25 junho 2018

Alcova minha

Na casa ao lado, silêncio.
Na rua à frente, nenhuma viva alma,
nenhum som de passos, nada!
Na avenida, longínquos ruídos esparsos do atrito dos carros.
A madrugada segue tranquila,
menos aqui,
neste espaço de 12 m2,
onde o estiramento da coxa,
o suor na face,
o gemido abafado,
os dedos úmidos
e a cama desarrumada,

indicam um tempo de folgança.

07 maio 2018

Rave



A primeira memoração
vem prontamente
as palavras delirantes,
quase de uma fita pornô,
que de tão altas,
me enrubesceram,
e transformaram
aquele ato corriqueiro,
em um espetáculo fenomenal
de maior prazer.

(- vocifera mais alto, minha delícia,
que os vizinhos hoje foram passear!)


26 março 2018

Tempo seguinte (ou "porta II")


No tempo seguinte,
após a brutal altivez
do selamento da porta,
ficou a calmaria
amanhada
por tempos,
dentro de um quarto,
com um corpo só,
deitado em mais profundo conforto,
em lençol limpo,
branco,
alvo,
onde repousou
um ser despoluído,
merecedor de paz,
serenidade e
nirvana,
livre de tudo aquilo
que ficou do outro lado.