01 dezembro 2011

Cama



Daqui vejo a lua,
e vejo mais:

vejo seus olhos dizerem sim,
seu corpo deitar na minha cama
(no meu todo!),
seu sonho abastecer minha alma.

É claro, daqui dá para ver muito mais!

Vejo sua boca pedir amor,
seus seios balançarem no ar
(bicos empinados),
e essa sua vontade de gozar.

01 novembro 2011

Gosto



Seu gosto ainda está em minha boca,
doce,
como as coisas boas que me falou.


Mel,
de beber com as estrelas
(atiçou um fogo bom,
mergulhado em prazer,
esquecido por vidas).


Foi saliva
derramada em minha alma.


De pouco não morri,
de tanta água derramada
em minha alma.


De pouco não morria,
do calor que me proporcionava.


Acho que morri!
Mas não ressuscitei,
porque é muito bom
morrer com sua boca
mergulhada em minha alma.

01 outubro 2011

Luzia


Luzia de Jesus
(tem carnes duras e seios fartos),
diferente das outras que gozam sem sentir,
minha Luzia geme no gozar;
deita na cama sem querer dormir;
sente sede depois do prazer;
canta música para me ninar;
abre às pernas para me abraçar.

01 setembro 2011

Saques de prazer



Que túnel escuro segue quando entramos em saques da pureza?

Perdemos o pudor
(e o respeito),
roubamos o que há de melhor entre nós.

Não há mais palavras.
O egoísmo domina.

Perdemos um minuto inteligente,
aquele que poderíamos usar para amar,
e nos amar,
sermos diferentes,
criar luz,
criar, criar e criar...

E nos perdemos no escuro...

01 agosto 2011

Charada



Não escreva para mim
        com                           palavras desertas.
                            Diga                        sim a igualdade,
       liberdade           da música de violão.
                      Um compasso que espero.

Nada diferente,
           sem intenções
e              r e t r a ç õ e s.
                    Algo de    revelação!

Mostre   logo   suas                                impressões digitais,
                                              com tintas claras,
                                 sem medo,
                                                                                         sem                    c h a r a d a.

01 julho 2011

Ambígua


Entra adulta...

Dura,
prática,
convicta,
independente
(não quer ver o pôr do sol!).

- Quero saber muito mais de você
(não a que os rótulos moldaram)!

Abre o peito,
sangra o coração,
brita a alma,
molha os olhos.

-Sua historia te trás de volta
(e ainda deu tempo de rir do último raio)!

...sai criança!

01 junho 2011

Linha de tempo


Nossa diferença está no tempo,
aquele que passou para mim,
aquele que te falta,
de você tiro um pouco,
de mim sai uma vida,
no final, são as mesmas transformadas...

18 maio 2011

Not(urn)o


De noite acordo assim:
bem son(s)o,
inson(ss)o,
ma(tina)l,
mu(da)do,
com sede(nto),
conflit(uos)o,
e um pouquinho
só(litàrio)!

05 abril 2011

In loco



Bola em jogo
rolou até a fonte
donde antes jorrava
água dos Sacramentos,
e agora,
encantos e
desencontros.

Os meninos viviam lá,
o fotógrafo das entidades também viveu
e minha escultura  negra ainda vive.

O lugar uniu Vasco da Gama com América
e não os separou mais,
e as águas escorreram para formar o Dique,
onde vivem os Orixás.

No divertimento dos meninos
duas bolas contra, era o mesmo que a favor,
o que tinha valor era a diversão,
o riso frouxo,
a calça suja
e a ginga.

Ladeira abaixo
corriam com a redonda,
felizes,
fagueiros,
e tinham nela
o mundo
que o mundo
cansou de
ocultar para eles.

23 março 2011

Madrugada


Madrugada,
Senhora melancólica,
sem sons
(gemidos
ou sussurros).
Um vácuo
obliterado e
abafado
(de presenças
e ausência).
Um limbo,
de algo de desejo,
sem poder ter
(possuindo 
ou possuído).
Agonia insone,
úmida,
taquicárdica,
febril.
  
Luta que envolve
um tempo presente
que demora de chegar.

02 março 2011

Vida após a morte (Para Laura)


Que anjos
virão na minha oração
aportar no pedido contrario ao medo,
de uma noite sem insônia, sustos e pesadelos?

Serafins, querubins,
tronos, dominações, principados,
fadas e fadinhas,
disseram sim!

Correram o mundo,
e chegaram no segundo seguinte
da “ave Maria”, ”Pai nosso” e “mãezinha do céu”,
interrompendo o ciclo.

Aqui trouxeram o armistício,
consensual,
necessário e
final.

E saíram para acalmar
outra alma atribulada
confinante ou
perdida no outro lado da terra.

- Dorme agora minha paz,
esquece deste tempo
de malucos, insanos e
inseguros.
Dorme,
se entregue sem tréguas e
ininterruptamente.
Aqui estou eu!
Super homem,
rijo tudo,
único deste tempo,
que é só nosso.
Não te abandonarei,
nem eu,
nem seus anjos,
nem todos que apostam em ti.

19 fevereiro 2011

Réquiem


Estava na beira da sorte
louca por café
(dissolúvel),
vestida com chambray e lycra,
L’air du Temps no ar
(algo meio Vogue).

Mostrava um olhar fatal,
avesso,
curto,
rima para o horizonte.


Andou na minha direção,
tirou minhas calças,
boxer e
T-shirt.


Rasgou meu tronco,
beijou minha boca,
salivou meu olhos,
mordeu meus pés.

Deu-me vida!

Verteu meu Jacu Bird,
expandindo o cheiro de vida.


Falou em Euskera,
Mandarim,
Karíb,
Arcaico
(nada tinha sentido,
só meu sentimento).


- Que mulher linda!
Pele sedosa,
cabelos fortes,
tez rubra,
dedos mágicos.


Imperava o sussurro,
uma mistura de Tom e Philip Glass,
nada mais.
Nenhum ruído
ou chiado algoz,
nada mais!


Ela estava ali,
como o ar,
água,
alimento,
realidade.
Como os Sonhos de Kurosawa.


Aqui fiquei.
Aqui vivi.
Um segundo apenas.
Um segundo a mais.
Nele nasci
e nele fiz meu réquiem.

27 janeiro 2011

Mulheres

Minhoca
esburaca a rota
na terra.
Elefante
na pista da selva
forra-a.
Na cozinha
água gelada
refresca.
E paçoca
assada na panela
se dissipa.

E as mulheres,
o que querem elas?
são minhocas perdidas,
elefantes sem prumo,
águas esquentadas,
e paçocas sem donos.