01 março 2012

Tempo



Definir é um desafio,
Interrogue-me e fujo desta quesito,
Não quero ver, inferir ou meditar...
É uma perene agonia!

Nem sempre as três dimensões que fundamentam sua existência contêm sua experiência:
Passado, presente e futuro,
Por si só não o fazem concreto.
(- Se nenhuma das suas partes existe, como pode ele subsistir?)

Quando penoso é lento,
Quando feliz, amável e prazeroso, rápido,
Quase fugaz, às vezes uma ilusão.
(- Como pode ser célere para uns e viscoso para todos?)

Só no plano divino,
Anterior a nossa criação,
Para entendimento.
(- Mas se há um planejamento superior, para que medi-lo então?)

Relativizá-lo será sempre uma tentação.
Alguns marcam com segundos, minutos, dias e primaveras.
Outros com ações:
Amores perdidos, trabalhos concluídos, filhos crescidos.
(Eu, constante emoção!)

A realidade dele só está no pensamento.
Na verdade,
Sua compreensão só é percebida no espaço e movimento,
Intervalo e animação,
Vida e viver.

Concluí-lo, jamais!
As marcas que nele imprimem,
Eternamente o farão dissemelhante.

O fato que é cíclico,
É uma sucessão de inverno, verão, férias e São João.
Um eterno reviver,
Mas sem necessariamente restituir.

Então,
Que flua,
Que se viva nele.
Que seja segundo,
Seja eterno,
Seja individual.
Seja próprio,
Exclusivo,
Irreversível.

O meu é só meu,
Cabe na minha caixinha mágica.
Na minha nave espacial.
(Transforma-me!)

Nele transfiguro,
Modifico,
Experimento.
Sou objeto e
Ação.

E graças a ele,
subsisto.

02 janeiro 2012

Medo


No encontro do inicio da minha vida,
rompantes de altivez
fizeram despertar daquele desvaneio.


Cores alegres, o disparate e a ausência do tino
foram levados para um lugar remoto,
tal que já estive e não intencionava revir
(subsistiria sem ele se me autorizassem!).


Do Éden sucedeu-me a mácula,
da harmonia, o suplício,
da extrema eudaimonia, a barafunda,
do arrebatamento, a ponderação.


E assim permaneci:
inerte,
débil,
recluso
e sucumbido de mim.


Quis trespassar,
abrir a porta trincada com ferrolho anti-candura,
pular da rota da abalroação,
respirar o oxigênio expelido,
rever o inesgotável.


Mas quem arrecada,
lembra reiteradamente o maldito,
como as gotas da tortura chinesa,
pingo a pingo,
diuturna e incessantemente,
do dia da fraternidade Universal 
a última noite do ano
(sem acaso de recreio).


Que infame, vil, ultrapassado,
anárquico e melodramático sentimento.
Levou de mim o que tinha de melhor,
o que mais tinha de ufano, 
claro 
e afinado:
rigorosamente, 
a ausência 
e exiguidade dele.