13 dezembro 2010

Coração

Singelo,
meu belo,
o que tenho de mais puro,
bate agora muito apressado,
quase um espectro,
virado ao avesso.
Deixa-me tonto,
sem sangue nas veias,
um incomodo.
Quero te acalmar,
mas tu és surdo,
não ouve o que te imploro.
Para que? Não é?
Volta a balada
dos 60 segundos
de um minuto,
prescrito em um tempo de Itaparica,
Bariloche ou
de uma tarde no
Castelo de Neuschwanstein.
Não te quero assim,
dose de Hermes,
Deus da agilidade.
Quero Logo,
com a cara de meu tempo,
avatar atemporal,
menos irresponsável,
menos machucado,
menos apaixonado,
muito mais amado!

01 novembro 2010

Mundos paralelos


Há quântica
em quantas vezes
mais e mais
perguntamos
se existe um
outro mundo,
personagens
e possibilidades
no plano terreno!

Acredite no tempo paralelo,
resultado da explosão
ocorrida 
em um mundo menor
que a imaginação pode aceitar,
(atómos,
elétrons,
e fantasmas)
e que tomou a maior dimensão
que se pode crer.

Nele vivemos,
se muda comportamentos,
há mistura de histórias,
(eterno espiral
onde umas começam
e outras terminam).

Elas que não se unem no infinito,
nem tem missão imposta,
ou oposta.

Algumas são expostas,
para alguns verem,
outras ocultas,
para outros que não crêem.

Matemática real,
feita da estatística da vida,
segundos que se passam
um a um
(de sessenta
se faz uma hora),
de um futuro que foge da existência,
que não será misturado,
mas macerado.

Essa é a Jornada da criação,
de um Deus mágico,
iniciada em um cataclisma,
desvendado pelo tempo,
que não devia ser movido,
nem disperso,
nem aglomerado,
só deveria ser vivido.

10 outubro 2010

Ócio

Tra-ba-lho não,
tempo de ruminar,
de deixar o corpo escorrer,
sem uni-for-mi-da-de
e so-fri-dão.

De lim-par os arquivos,
desfragmentar o HD,
se meter na cama,
zapear e ficar de calção.

Ir na Alemanha,
Cuba,
Petrópolis,
Tajiquistão.
E quem sabe,
lá na esquina?
Comprar A Tarde,
deitar na rede,
tangerinar,
e virar ermitão.

Tempo ímpar,
calórico,
criativo,
de te-le-fo-ne quebrado,
fora de área,
offline,
sem conexão.

08 outubro 2010

Amor dói



Amor dói,
quebra paredes construídas e erguidas,
nos anos, 
nas formas e nas estruturas.
Desentope pias,
vasos e
tubos.
Por isso, dói!

A presença divina que liberta
é a mesma que dilacera a alma,
destrava engrenagens,
espreme a casca dura,
gerando sucos
e resíduos.
Por isso, dói!

O que mitiga o mau,
angustia,
desafia conceitos,
descortina os medos,
desoprime o opressor,
revela o que não se podia revelar.
Por isso, dói!

Aquilo que me torna brando,
também afasta-me da zona de conforto,
eletriza a rede sem fio,
refaz o trabalho da criação,
bagunça a noção de tempo.
Faz uma ausência
ser insuportável.
Por isso, dói (e muito)!

Mas não quero alívio imediato desta dor
(afaste-me das emergências superlotadas
de inconstantes e frios,
gente morta e doentes).
Quero o seu desconforto,
sua desopressão,
sua veemência,
seu poder de criação.
Quero ver sangue jorrando nas veias,
coração partido,
cair em queda livre
(sem amarras e paraquedas).
Por isso, sigo amando!

21 setembro 2010

Conflito



Ella
na reza
de uma
cama
afofada,
na inocência,
pediu um mundo
impossível,
aquele que o vento levou.
Yo sonâmbulo de mí
y silenciosamente:
"Padre nosso que estás no céu...".
Que venha um novo,
hermoso,
sem a ilusão da
perfección,
mas verdadeiro
e lleno de paz.

25 agosto 2010

Simbiose

Meu bem
anda em uma trilha embaraçada,
cheia de fantasmas, traumas e mexilhões.

Aqui e ali ela vê alma penada,
e crê nas cores que são.
Uma delas joga no ataque,
outra, na retranca e confusão.

Isola-se diuturnamente,
e a madrugada é uma urutau.

Quem dera dispensasse
o passado,
o medo,
a tristeza,
e todo mau.

Quem dera?
Voltaria a sorrir,
com a broma da aeromoça da TAM,
e a lentidão do garçom preguiçoso.

Dormiria tranquila,
sem noite de exaustão.

Não pediria desculpa vã,
nem obrigados, obrigado e obrigado.

Aposentaria o riso forçoso,
as cores pálidas,
(do branco ao marfim),
os novelos e o tear.

Retornaria ao prumo
e a decisão.

...E eu teria enfim,
com quem brincar.

15 junho 2010

Futebol



República Federativa do Brasil,
República Federativa do futebol,
emoção sugerida e erguida
pelo ego,
meios de comunicações,
história,
estórias
e estornos.
Daqui não saio,
mas peço calma,
dêem passagem para o lúcido,
para educação,
e coerência.
Preparem isso,
para que nossos filhos
encontrem
na República Federativa
muito mais que
futebol.

01 junho 2010

Um e outro



Minha velocidade são duas:
a do prazer de fazer o que gosta,
e a contemplação do que ama.
Meu Deus, as duas andam paralelo,
aqui na minha cama!

Uma mudinha no mundo dela,
brincando com que parece ser um castelo,
cheio de cores e personagens,
de vez enquando manda um beijo.

A outra barulhenta
(meio Gaga),
batidão que eleva minha alma,
a algo desconhecido,
lugar onde quero estar,
atemporal,
sangue vivo,
que me faz surdo.

Moro nas duas,
e não encontro
confronto
nenhum
de ser assim.

27 abril 2010

Brincadeira



Paixão,
no chão
da terra,
é mera
saliência,
sem penitência,
e tristeza.
Moleza!
Na cama,
é fama.
Tô nas estrelas,
ela nas telas.
Sigo vivo,
sempre emotivo,
de alma aberta,
com ela esperta.
Impondo risco,
arrisco!
E creio,
tenho meio,
de ser assim
completamente "sim",
anjo avesso,
dum corpo travesso.

01 abril 2010

Dois mundos


Minha brincadeira à dois
foi obliterada
por um fantasma,
daqueles que nascem doce,
vivem doce,
e morrem doce.

Meu silêncio
foi ocupado pelo barulho de fora,
máquinas movidas por créditos e fichas,
visão de carros, tiros e painéis digital,
adultos no cansaço e pequenos aprontando.

Onde eu estava naquele momento?
Minha cabeça corria o mundo,
tempo ingênuo,
de dois sem futuro,
de eterna agonia
de busca do prazer.

De lá vi aprendizado,
prazer,
tortura.

Aqui,
bolas coloridas e
uma criança brincando,
desejo urgente
de responsabilidade,
afeto
e amor puro.

O passado foi embora,
levou seu rastro de coisa boa,
mas deixe ele lá,
não te quero mais.

O presente,
meu bem me deu,
embrulhado
em papel de seda,
transparente e colorido,
com sua fita rosa desde o nascimento,
decorado com descoberta,
entrega sem custas,
e sem papéis assinados em cartório.

07 março 2010

Progresso



Olha as ruas

ditas certas,

onde tortas

são traçadas,

onde matas

foram rasgadas

e metas apagadas.

16 fevereiro 2010

Curvas



Quero falar das suas curvas,
Deusa negra,
vítima da Diáspora,
fonte de energia vital
(temo sua fertilidade!).

Aquelas que não basta as mãos para apalpar,
que nem um único olhar consegue admirar
(sou viciado nelas:
preciso de mais, mais e mais).

Daquelas que me provocam ciúmes,
que em meu imaginário noturno
me impede um sono tranquilo.

Aquelas que temo despir,
pois sei o que vou encontrar,
e como tonto vou me entregar,
sem questionar meu limite de ter.

É disso que quero falar
(sem o medo de possuir),
corpo vibratório,
caixa de ressonância
de uma música perfeita.

São elas que me movem até a ti,
elas que eu quero mergulhar,
sem querer pensar muito,
no que o mundo tem para me dar,
naquilo que ele faz para me impedir,
de te ser
(e te pegar!).

24 janeiro 2010

Original



Cria da arte,
criar-te,
queria te ter,
ter sem ser tarde,
em uma noite qualquer,
com a lua em Marte,
em uma esquina do ser,
sendo um pouco mais,
mas sem criar sua parte.

08 janeiro 2010

Historia de uma vida



Meu preparo,
treino para
uma olimpíada
de metros, segundos e berros,
que durou uma vida toda,
ele me aproximou de ti.

Todas os lugares,
bestas,
sonhos
e
propostas
vividas,
e
não vividas,
agora fazem sentido.
Eles me trouxeram aqui,
para morar
próximo ao infinito de dois.
Que agora entendo,
e compreendendo,
quero viver intensamente
e
morrer
assim.