02 janeiro 2012

Medo


No encontro do inicio da minha vida,
rompantes de altivez
fizeram despertar daquele desvaneio.


Cores alegres, o disparate e a ausência do tino
foram levados para um lugar remoto,
tal que já estive e não intencionava revir
(subsistiria sem ele se me autorizassem!).


Do Éden sucedeu-me a mácula,
da harmonia, o suplício,
da extrema eudaimonia, a barafunda,
do arrebatamento, a ponderação.


E assim permaneci:
inerte,
débil,
recluso
e sucumbido de mim.


Quis trespassar,
abrir a porta trincada com ferrolho anti-candura,
pular da rota da abalroação,
respirar o oxigênio expelido,
rever o inesgotável.


Mas quem arrecada,
lembra reiteradamente o maldito,
como as gotas da tortura chinesa,
pingo a pingo,
diuturna e incessantemente,
do dia da fraternidade Universal 
a última noite do ano
(sem acaso de recreio).


Que infame, vil, ultrapassado,
anárquico e melodramático sentimento.
Levou de mim o que tinha de melhor,
o que mais tinha de ufano, 
claro 
e afinado:
rigorosamente, 
a ausência 
e exiguidade dele.