Amor dói,
quebra paredes construídas e erguidas,
nos anos,
nas formas e nas estruturas.
Desentope pias,
vasos e
tubos.
Por isso, dói!
A presença divina que liberta
é a mesma que dilacera a alma,
destrava engrenagens,
espreme a casca dura,
gerando sucos
e resíduos.
Por isso, dói!
O que mitiga o mau,
angustia,
desafia conceitos,
descortina os medos,
desoprime o opressor,
revela o que não se podia revelar.
Por isso, dói!
Aquilo que me torna brando,
também afasta-me da zona de conforto,
eletriza a rede sem fio,
refaz o trabalho da criação,
bagunça a noção de tempo.
Faz uma ausência
ser insuportável.
Por isso, dói (e muito)!
Mas não quero alívio imediato desta dor
Mas não quero alívio imediato desta dor
(afaste-me das emergências superlotadas
de inconstantes e frios,
gente morta e doentes).
Quero o seu desconforto,
sua desopressão,
sua veemência,
seu poder de criação.
Quero ver sangue jorrando nas veias,
coração partido,
coração partido,
cair em queda livre
(sem amarras e paraquedas).
(sem amarras e paraquedas).
Por isso, sigo amando!
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