01 setembro 2011

Saques de prazer



Que túnel escuro segue quando entramos em saques da pureza?

Perdemos o pudor
(e o respeito),
roubamos o que há de melhor entre nós.

Não há mais palavras.
O egoísmo domina.

Perdemos um minuto inteligente,
aquele que poderíamos usar para amar,
e nos amar,
sermos diferentes,
criar luz,
criar, criar e criar...

E nos perdemos no escuro...

01 agosto 2011

Charada



Não escreva para mim
        com                           palavras desertas.
                            Diga                        sim a igualdade,
       liberdade           da música de violão.
                      Um compasso que espero.

Nada diferente,
           sem intenções
e              r e t r a ç õ e s.
                    Algo de    revelação!

Mostre   logo   suas                                impressões digitais,
                                              com tintas claras,
                                 sem medo,
                                                                                         sem                    c h a r a d a.

01 julho 2011

Ambígua


Entra adulta...

Dura,
prática,
convicta,
independente
(não quer ver o pôr do sol!).

- Quero saber muito mais de você
(não a que os rótulos moldaram)!

Abre o peito,
sangra o coração,
brita a alma,
molha os olhos.

-Sua historia te trás de volta
(e ainda deu tempo de rir do último raio)!

...sai criança!

01 junho 2011

Linha de tempo


Nossa diferença está no tempo,
aquele que passou para mim,
aquele que te falta,
de você tiro um pouco,
de mim sai uma vida,
no final, são as mesmas transformadas...

18 maio 2011

Not(urn)o


De noite acordo assim:
bem son(s)o,
inson(ss)o,
ma(tina)l,
mu(da)do,
com sede(nto),
conflit(uos)o,
e um pouquinho
só(litàrio)!

05 abril 2011

In loco



Bola em jogo
rolou até a fonte
donde antes jorrava
água dos Sacramentos,
e agora,
encantos e
desencontros.

Os meninos viviam lá,
o fotógrafo das entidades também viveu
e minha escultura  negra ainda vive.

O lugar uniu Vasco da Gama com América
e não os separou mais,
e as águas escorreram para formar o Dique,
onde vivem os Orixás.

No divertimento dos meninos
duas bolas contra, era o mesmo que a favor,
o que tinha valor era a diversão,
o riso frouxo,
a calça suja
e a ginga.

Ladeira abaixo
corriam com a redonda,
felizes,
fagueiros,
e tinham nela
o mundo
que o mundo
cansou de
ocultar para eles.

23 março 2011

Madrugada


Madrugada,
Senhora melancólica,
sem sons
(gemidos
ou sussurros).
Um vácuo
obliterado e
abafado
(de presenças
e ausência).
Um limbo,
de algo de desejo,
sem poder ter
(possuindo 
ou possuído).
Agonia insone,
úmida,
taquicárdica,
febril.
  
Luta que envolve
um tempo presente
que demora de chegar.

02 março 2011

Vida após a morte (Para Laura)


Que anjos
virão na minha oração
aportar no pedido contrario ao medo,
de uma noite sem insônia, sustos e pesadelos?

Serafins, querubins,
tronos, dominações, principados,
fadas e fadinhas,
disseram sim!

Correram o mundo,
e chegaram no segundo seguinte
da “ave Maria”, ”Pai nosso” e “mãezinha do céu”,
interrompendo o ciclo.

Aqui trouxeram o armistício,
consensual,
necessário e
final.

E saíram para acalmar
outra alma atribulada
confinante ou
perdida no outro lado da terra.

- Dorme agora minha paz,
esquece deste tempo
de malucos, insanos e
inseguros.
Dorme,
se entregue sem tréguas e
ininterruptamente.
Aqui estou eu!
Super homem,
rijo tudo,
único deste tempo,
que é só nosso.
Não te abandonarei,
nem eu,
nem seus anjos,
nem todos que apostam em ti.

19 fevereiro 2011

Réquiem


Estava na beira da sorte
louca por café
(dissolúvel),
vestida com chambray e lycra,
L’air du Temps no ar
(algo meio Vogue).

Mostrava um olhar fatal,
avesso,
curto,
rima para o horizonte.


Andou na minha direção,
tirou minhas calças,
boxer e
T-shirt.


Rasgou meu tronco,
beijou minha boca,
salivou meu olhos,
mordeu meus pés.

Deu-me vida!

Verteu meu Jacu Bird,
expandindo o cheiro de vida.


Falou em Euskera,
Mandarim,
Karíb,
Arcaico
(nada tinha sentido,
só meu sentimento).


- Que mulher linda!
Pele sedosa,
cabelos fortes,
tez rubra,
dedos mágicos.


Imperava o sussurro,
uma mistura de Tom e Philip Glass,
nada mais.
Nenhum ruído
ou chiado algoz,
nada mais!


Ela estava ali,
como o ar,
água,
alimento,
realidade.
Como os Sonhos de Kurosawa.


Aqui fiquei.
Aqui vivi.
Um segundo apenas.
Um segundo a mais.
Nele nasci
e nele fiz meu réquiem.

27 janeiro 2011

Mulheres

Minhoca
esburaca a rota
na terra.
Elefante
na pista da selva
forra-a.
Na cozinha
água gelada
refresca.
E paçoca
assada na panela
se dissipa.

E as mulheres,
o que querem elas?
são minhocas perdidas,
elefantes sem prumo,
águas esquentadas,
e paçocas sem donos.

13 dezembro 2010

Coração

Singelo,
meu belo,
o que tenho de mais puro,
bate agora muito apressado,
quase um espectro,
virado ao avesso.
Deixa-me tonto,
sem sangue nas veias,
um incomodo.
Quero te acalmar,
mas tu és surdo,
não ouve o que te imploro.
Para que? Não é?
Volta a balada
dos 60 segundos
de um minuto,
prescrito em um tempo de Itaparica,
Bariloche ou
de uma tarde no
Castelo de Neuschwanstein.
Não te quero assim,
dose de Hermes,
Deus da agilidade.
Quero Logo,
com a cara de meu tempo,
avatar atemporal,
menos irresponsável,
menos machucado,
menos apaixonado,
muito mais amado!

01 novembro 2010

Mundos paralelos


Há quântica
em quantas vezes
mais e mais
perguntamos
se existe um
outro mundo,
personagens
e possibilidades
no plano terreno!

Acredite no tempo paralelo,
resultado da explosão
ocorrida 
em um mundo menor
que a imaginação pode aceitar,
(atómos,
elétrons,
e fantasmas)
e que tomou a maior dimensão
que se pode crer.

Nele vivemos,
se muda comportamentos,
há mistura de histórias,
(eterno espiral
onde umas começam
e outras terminam).

Elas que não se unem no infinito,
nem tem missão imposta,
ou oposta.

Algumas são expostas,
para alguns verem,
outras ocultas,
para outros que não crêem.

Matemática real,
feita da estatística da vida,
segundos que se passam
um a um
(de sessenta
se faz uma hora),
de um futuro que foge da existência,
que não será misturado,
mas macerado.

Essa é a Jornada da criação,
de um Deus mágico,
iniciada em um cataclisma,
desvendado pelo tempo,
que não devia ser movido,
nem disperso,
nem aglomerado,
só deveria ser vivido.

10 outubro 2010

Ócio

Tra-ba-lho não,
tempo de ruminar,
de deixar o corpo escorrer,
sem uni-for-mi-da-de
e so-fri-dão.

De lim-par os arquivos,
desfragmentar o HD,
se meter na cama,
zapear e ficar de calção.

Ir na Alemanha,
Cuba,
Petrópolis,
Tajiquistão.
E quem sabe,
lá na esquina?
Comprar A Tarde,
deitar na rede,
tangerinar,
e virar ermitão.

Tempo ímpar,
calórico,
criativo,
de te-le-fo-ne quebrado,
fora de área,
offline,
sem conexão.

08 outubro 2010

Amor dói



Amor dói,
quebra paredes construídas e erguidas,
nos anos, 
nas formas e nas estruturas.
Desentope pias,
vasos e
tubos.
Por isso, dói!

A presença divina que liberta
é a mesma que dilacera a alma,
destrava engrenagens,
espreme a casca dura,
gerando sucos
e resíduos.
Por isso, dói!

O que mitiga o mau,
angustia,
desafia conceitos,
descortina os medos,
desoprime o opressor,
revela o que não se podia revelar.
Por isso, dói!

Aquilo que me torna brando,
também afasta-me da zona de conforto,
eletriza a rede sem fio,
refaz o trabalho da criação,
bagunça a noção de tempo.
Faz uma ausência
ser insuportável.
Por isso, dói (e muito)!

Mas não quero alívio imediato desta dor
(afaste-me das emergências superlotadas
de inconstantes e frios,
gente morta e doentes).
Quero o seu desconforto,
sua desopressão,
sua veemência,
seu poder de criação.
Quero ver sangue jorrando nas veias,
coração partido,
cair em queda livre
(sem amarras e paraquedas).
Por isso, sigo amando!

21 setembro 2010

Conflito



Ella
na reza
de uma
cama
afofada,
na inocência,
pediu um mundo
impossível,
aquele que o vento levou.
Yo sonâmbulo de mí
y silenciosamente:
"Padre nosso que estás no céu...".
Que venha um novo,
hermoso,
sem a ilusão da
perfección,
mas verdadeiro
e lleno de paz.

25 agosto 2010

Simbiose

Meu bem
anda em uma trilha embaraçada,
cheia de fantasmas, traumas e mexilhões.

Aqui e ali ela vê alma penada,
e crê nas cores que são.
Uma delas joga no ataque,
outra, na retranca e confusão.

Isola-se diuturnamente,
e a madrugada é uma urutau.

Quem dera dispensasse
o passado,
o medo,
a tristeza,
e todo mau.

Quem dera?
Voltaria a sorrir,
com a broma da aeromoça da TAM,
e a lentidão do garçom preguiçoso.

Dormiria tranquila,
sem noite de exaustão.

Não pediria desculpa vã,
nem obrigados, obrigado e obrigado.

Aposentaria o riso forçoso,
as cores pálidas,
(do branco ao marfim),
os novelos e o tear.

Retornaria ao prumo
e a decisão.

...E eu teria enfim,
com quem brincar.

15 junho 2010

Futebol



República Federativa do Brasil,
República Federativa do futebol,
emoção sugerida e erguida
pelo ego,
meios de comunicações,
história,
estórias
e estornos.
Daqui não saio,
mas peço calma,
dêem passagem para o lúcido,
para educação,
e coerência.
Preparem isso,
para que nossos filhos
encontrem
na República Federativa
muito mais que
futebol.

01 junho 2010

Um e outro



Minha velocidade são duas:
a do prazer de fazer o que gosta,
e a contemplação do que ama.
Meu Deus, as duas andam paralelo,
aqui na minha cama!

Uma mudinha no mundo dela,
brincando com que parece ser um castelo,
cheio de cores e personagens,
de vez enquando manda um beijo.

A outra barulhenta
(meio Gaga),
batidão que eleva minha alma,
a algo desconhecido,
lugar onde quero estar,
atemporal,
sangue vivo,
que me faz surdo.

Moro nas duas,
e não encontro
confronto
nenhum
de ser assim.

27 abril 2010

Brincadeira



Paixão,
no chão
da terra,
é mera
saliência,
sem penitência,
e tristeza.
Moleza!
Na cama,
é fama.
Tô nas estrelas,
ela nas telas.
Sigo vivo,
sempre emotivo,
de alma aberta,
com ela esperta.
Impondo risco,
arrisco!
E creio,
tenho meio,
de ser assim
completamente "sim",
anjo avesso,
dum corpo travesso.