01 outubro 2013

Vidente





Coraçãozinho,
espedaçado,
esfarelado,

palpita,
lateja,
titila,
agita:


anda 
pressentindo
que uma coisa boa
vai acontecer!

02 setembro 2013

Comunicação


Cumprindo o praxe universal
de emissor,
receptor 
e meio,
o ritual criado por Eros,
teve inicio no jogo de palavras.
Poucas, sei!
Mas todas curiosas,
indiscretas,
bisbilhoteiras,
do tipo:
Quem? 
Quando? 
Como?
Próprias para despertar o interesse.
Próprias de uma língua oficial
de 280 milhões inquilinos.
Próprias, 
que começaram abrir
o ferrolho
selado,
outrora,
sabe lá por quem? 
Quando? 
Onde?

Na sucessão das horas
(confesso: foram poucas!),
a transmissão racional foi distanciada.
Quem? 
Quando? 
Como?
Ficaram no passado.
Quem? 
Quando? 
Como?
Já tinham as respostas,
que aqui são improprias
apresentar.

Sonoras compreensíveis
de outrora,
passaram a simples percepção.
Gemidos,
murmúrios,
suspiros,
arfados,
hálito.
Sensações
(odor e umidade)
percebidas pelo dedo indicador 
e não mais pelo ouvido médio.

Palavras?!
Para que?
Quem?
Como?
Quando?
São distantes do que Eros
criou.

01 agosto 2013

Estratégia


A definição de outra trajetória
recuperou o rumo,
abalado por embuste,
felonia
e instabilidade.
Bem de mim
que tinha na inocência, 
na crença 
e nos saberes,
minhas maiores qualidades.
Enfim,
tudo recuperado.
Pouco
modificado
sei,
mas
recuperado!

01 março 2012

Tempo



Definir é um desafio,
Interrogue-me e fujo desta quesito,
Não quero ver, inferir ou meditar...
É uma perene agonia!

Nem sempre as três dimensões que fundamentam sua existência contêm sua experiência:
Passado, presente e futuro,
Por si só não o fazem concreto.
(- Se nenhuma das suas partes existe, como pode ele subsistir?)

Quando penoso é lento,
Quando feliz, amável e prazeroso, rápido,
Quase fugaz, às vezes uma ilusão.
(- Como pode ser célere para uns e viscoso para todos?)

Só no plano divino,
Anterior a nossa criação,
Para entendimento.
(- Mas se há um planejamento superior, para que medi-lo então?)

Relativizá-lo será sempre uma tentação.
Alguns marcam com segundos, minutos, dias e primaveras.
Outros com ações:
Amores perdidos, trabalhos concluídos, filhos crescidos.
(Eu, constante emoção!)

A realidade dele só está no pensamento.
Na verdade,
Sua compreensão só é percebida no espaço e movimento,
Intervalo e animação,
Vida e viver.

Concluí-lo, jamais!
As marcas que nele imprimem,
Eternamente o farão dissemelhante.

O fato que é cíclico,
É uma sucessão de inverno, verão, férias e São João.
Um eterno reviver,
Mas sem necessariamente restituir.

Então,
Que flua,
Que se viva nele.
Que seja segundo,
Seja eterno,
Seja individual.
Seja próprio,
Exclusivo,
Irreversível.

O meu é só meu,
Cabe na minha caixinha mágica.
Na minha nave espacial.
(Transforma-me!)

Nele transfiguro,
Modifico,
Experimento.
Sou objeto e
Ação.

E graças a ele,
subsisto.

02 janeiro 2012

Medo


No encontro do inicio da minha vida,
rompantes de altivez
fizeram despertar daquele desvaneio.


Cores alegres, o disparate e a ausência do tino
foram levados para um lugar remoto,
tal que já estive e não intencionava revir
(subsistiria sem ele se me autorizassem!).


Do Éden sucedeu-me a mácula,
da harmonia, o suplício,
da extrema eudaimonia, a barafunda,
do arrebatamento, a ponderação.


E assim permaneci:
inerte,
débil,
recluso
e sucumbido de mim.


Quis trespassar,
abrir a porta trincada com ferrolho anti-candura,
pular da rota da abalroação,
respirar o oxigênio expelido,
rever o inesgotável.


Mas quem arrecada,
lembra reiteradamente o maldito,
como as gotas da tortura chinesa,
pingo a pingo,
diuturna e incessantemente,
do dia da fraternidade Universal 
a última noite do ano
(sem acaso de recreio).


Que infame, vil, ultrapassado,
anárquico e melodramático sentimento.
Levou de mim o que tinha de melhor,
o que mais tinha de ufano, 
claro 
e afinado:
rigorosamente, 
a ausência 
e exiguidade dele.

01 dezembro 2011

Cama



Daqui vejo a lua,
e vejo mais:

vejo seus olhos dizerem sim,
seu corpo deitar na minha cama
(no meu todo!),
seu sonho abastecer minha alma.

É claro, daqui dá para ver muito mais!

Vejo sua boca pedir amor,
seus seios balançarem no ar
(bicos empinados),
e essa sua vontade de gozar.

01 novembro 2011

Gosto



Seu gosto ainda está em minha boca,
doce,
como as coisas boas que me falou.


Mel,
de beber com as estrelas
(atiçou um fogo bom,
mergulhado em prazer,
esquecido por vidas).


Foi saliva
derramada em minha alma.


De pouco não morri,
de tanta água derramada
em minha alma.


De pouco não morria,
do calor que me proporcionava.


Acho que morri!
Mas não ressuscitei,
porque é muito bom
morrer com sua boca
mergulhada em minha alma.

01 outubro 2011

Luzia


Luzia de Jesus
(tem carnes duras e seios fartos),
diferente das outras que gozam sem sentir,
minha Luzia geme no gozar;
deita na cama sem querer dormir;
sente sede depois do prazer;
canta música para me ninar;
abre às pernas para me abraçar.

01 setembro 2011

Saques de prazer



Que túnel escuro segue quando entramos em saques da pureza?

Perdemos o pudor
(e o respeito),
roubamos o que há de melhor entre nós.

Não há mais palavras.
O egoísmo domina.

Perdemos um minuto inteligente,
aquele que poderíamos usar para amar,
e nos amar,
sermos diferentes,
criar luz,
criar, criar e criar...

E nos perdemos no escuro...

01 agosto 2011

Charada



Não escreva para mim
        com                           palavras desertas.
                            Diga                        sim a igualdade,
       liberdade           da música de violão.
                      Um compasso que espero.

Nada diferente,
           sem intenções
e              r e t r a ç õ e s.
                    Algo de    revelação!

Mostre   logo   suas                                impressões digitais,
                                              com tintas claras,
                                 sem medo,
                                                                                         sem                    c h a r a d a.

01 julho 2011

Ambígua


Entra adulta...

Dura,
prática,
convicta,
independente
(não quer ver o pôr do sol!).

- Quero saber muito mais de você
(não a que os rótulos moldaram)!

Abre o peito,
sangra o coração,
brita a alma,
molha os olhos.

-Sua historia te trás de volta
(e ainda deu tempo de rir do último raio)!

...sai criança!

01 junho 2011

Linha de tempo


Nossa diferença está no tempo,
aquele que passou para mim,
aquele que te falta,
de você tiro um pouco,
de mim sai uma vida,
no final, são as mesmas transformadas...

18 maio 2011

Not(urn)o


De noite acordo assim:
bem son(s)o,
inson(ss)o,
ma(tina)l,
mu(da)do,
com sede(nto),
conflit(uos)o,
e um pouquinho
só(litàrio)!

05 abril 2011

In loco



Bola em jogo
rolou até a fonte
donde antes jorrava
água dos Sacramentos,
e agora,
encantos e
desencontros.

Os meninos viviam lá,
o fotógrafo das entidades também viveu
e minha escultura  negra ainda vive.

O lugar uniu Vasco da Gama com América
e não os separou mais,
e as águas escorreram para formar o Dique,
onde vivem os Orixás.

No divertimento dos meninos
duas bolas contra, era o mesmo que a favor,
o que tinha valor era a diversão,
o riso frouxo,
a calça suja
e a ginga.

Ladeira abaixo
corriam com a redonda,
felizes,
fagueiros,
e tinham nela
o mundo
que o mundo
cansou de
ocultar para eles.

23 março 2011

Madrugada


Madrugada,
Senhora melancólica,
sem sons
(gemidos
ou sussurros).
Um vácuo
obliterado e
abafado
(de presenças
e ausência).
Um limbo,
de algo de desejo,
sem poder ter
(possuindo 
ou possuído).
Agonia insone,
úmida,
taquicárdica,
febril.
  
Luta que envolve
um tempo presente
que demora de chegar.

02 março 2011

Vida após a morte (Para Laura)


Que anjos
virão na minha oração
aportar no pedido contrario ao medo,
de uma noite sem insônia, sustos e pesadelos?

Serafins, querubins,
tronos, dominações, principados,
fadas e fadinhas,
disseram sim!

Correram o mundo,
e chegaram no segundo seguinte
da “ave Maria”, ”Pai nosso” e “mãezinha do céu”,
interrompendo o ciclo.

Aqui trouxeram o armistício,
consensual,
necessário e
final.

E saíram para acalmar
outra alma atribulada
confinante ou
perdida no outro lado da terra.

- Dorme agora minha paz,
esquece deste tempo
de malucos, insanos e
inseguros.
Dorme,
se entregue sem tréguas e
ininterruptamente.
Aqui estou eu!
Super homem,
rijo tudo,
único deste tempo,
que é só nosso.
Não te abandonarei,
nem eu,
nem seus anjos,
nem todos que apostam em ti.

19 fevereiro 2011

Réquiem


Estava na beira da sorte
louca por café
(dissolúvel),
vestida com chambray e lycra,
L’air du Temps no ar
(algo meio Vogue).

Mostrava um olhar fatal,
avesso,
curto,
rima para o horizonte.


Andou na minha direção,
tirou minhas calças,
boxer e
T-shirt.


Rasgou meu tronco,
beijou minha boca,
salivou meu olhos,
mordeu meus pés.

Deu-me vida!

Verteu meu Jacu Bird,
expandindo o cheiro de vida.


Falou em Euskera,
Mandarim,
Karíb,
Arcaico
(nada tinha sentido,
só meu sentimento).


- Que mulher linda!
Pele sedosa,
cabelos fortes,
tez rubra,
dedos mágicos.


Imperava o sussurro,
uma mistura de Tom e Philip Glass,
nada mais.
Nenhum ruído
ou chiado algoz,
nada mais!


Ela estava ali,
como o ar,
água,
alimento,
realidade.
Como os Sonhos de Kurosawa.


Aqui fiquei.
Aqui vivi.
Um segundo apenas.
Um segundo a mais.
Nele nasci
e nele fiz meu réquiem.

27 janeiro 2011

Mulheres

Minhoca
esburaca a rota
na terra.
Elefante
na pista da selva
forra-a.
Na cozinha
água gelada
refresca.
E paçoca
assada na panela
se dissipa.

E as mulheres,
o que querem elas?
são minhocas perdidas,
elefantes sem prumo,
águas esquentadas,
e paçocas sem donos.

13 dezembro 2010

Coração

Singelo,
meu belo,
o que tenho de mais puro,
bate agora muito apressado,
quase um espectro,
virado ao avesso.
Deixa-me tonto,
sem sangue nas veias,
um incomodo.
Quero te acalmar,
mas tu és surdo,
não ouve o que te imploro.
Para que? Não é?
Volta a balada
dos 60 segundos
de um minuto,
prescrito em um tempo de Itaparica,
Bariloche ou
de uma tarde no
Castelo de Neuschwanstein.
Não te quero assim,
dose de Hermes,
Deus da agilidade.
Quero Logo,
com a cara de meu tempo,
avatar atemporal,
menos irresponsável,
menos machucado,
menos apaixonado,
muito mais amado!

01 novembro 2010

Mundos paralelos


Há quântica
em quantas vezes
mais e mais
perguntamos
se existe um
outro mundo,
personagens
e possibilidades
no plano terreno!

Acredite no tempo paralelo,
resultado da explosão
ocorrida 
em um mundo menor
que a imaginação pode aceitar,
(atómos,
elétrons,
e fantasmas)
e que tomou a maior dimensão
que se pode crer.

Nele vivemos,
se muda comportamentos,
há mistura de histórias,
(eterno espiral
onde umas começam
e outras terminam).

Elas que não se unem no infinito,
nem tem missão imposta,
ou oposta.

Algumas são expostas,
para alguns verem,
outras ocultas,
para outros que não crêem.

Matemática real,
feita da estatística da vida,
segundos que se passam
um a um
(de sessenta
se faz uma hora),
de um futuro que foge da existência,
que não será misturado,
mas macerado.

Essa é a Jornada da criação,
de um Deus mágico,
iniciada em um cataclisma,
desvendado pelo tempo,
que não devia ser movido,
nem disperso,
nem aglomerado,
só deveria ser vivido.